A Lenda de Átima - Parte II

II

Durante todo o dia ocupei-me de conseguir um meio de desvendar o mistério que aquele bilhete representava. Procurei nosso chefe com um pedido de férias em mãos e a proposta de que o Jornal financiasse minha viagem a Cuiabá na intenção de escrever uma série de matérias, com enfoque ecológico, sobre o Pantanal do Mato Grosso e a Chapada dos Guimarães. Minha insistência, entretanto, conseguiu apenas as passagens aéreas de ida e volta, mais por uma esmola por tantos anos de exploração do meu trabalho, do que pela idéia em si. Não importava, o principal era que o sentimento que me compelia a viajar seria satisfeito.

Sem o conhecimento de ninguém, obtive com um conhecido de uma empresa aérea, passagens falsas que serviam de comprovante junto ao Jornal para o ressarcimento das despesas. Com o dinheiro em mãos comprei uma passagem de ônibus, e assim obtive maior disponibilidade financeira para minhas outras despesas.

A visão do céu, agora definitivamente tomado pela noite, me restaura destas lembranças, tiro do bolso da calça o bilhete dobrado, olho-o uma vez mais com um sentimento indagador. O relógio na parede marca oito e vinte, é hora de ir. Guardo o bilhete e deixo o prédio da redação em direção a minha casa sem me despedir de ninguém.

Acordei cedo depois de um sono conturbado e repleto de sonhos. Já havia preparado minha bagagem na noite anterior. Uma pequena bolsa com algumas roupas. Tomo banho, visto roupas confortáveis para a viagem e sigo para a rodoviária. Chego a tempo de comprar algumas revistas, tomar um café e logo a seguir embarco.

A viagem parecia não terminar mais, depois de tantos anos, eu não imaginava que passar vinte e duas horas dentro de um ônibus poderia ser tão desgastante. Mas finalmente chegávamos. Dormi a maior parte do tempo, mas podia sentir as dores no corpo depois de tanto tempo sentado. A rodoviária parecia muito menor do que eu conhecera, mas talvez fosse apenas uma impressão, o certo é que se encontrava muito mal conservada. As paredes de concreto apresentavam manchas pretas de sujeira e fuligem. As lajes que dividiam os dois andares do prédio estavam repletas de pontos marrons que indicavam infiltrações de água, e o piso desgastado pelos anos de maus tratos parecia coberto de sujeira.

Desci do ônibus com minha única mala em mãos e dirigir-me para a área onde os táxis ficavam estacionados na entrada do prédio. Tinha em mente procurar Jonas, se ainda estivesse vivo e morasse na cidade. Há muito não tinha notícias dele, e meus esforços de tentar localizá-lo a distância tinham resultado em nada. Aqui seria mais fácil.

Uma lanchonete nova, no pátio de desembarque, me chamou a atenção. Tinha instalações bem cuidadas, e parecia limpa. Decidi aplacar a sede com um refrigerante, dei-me conta então de que o calor parecia mais intenso do que me lembrava. Pedi e um garoto muito jovem me trouxe um refrigerante num copo, desses que são fornecidos por máquinas, odeio refrigerantes deste tipo, mas comecei a tomá-lo mesmo assim.

Haviam bancos fixos ao longo de todo o balcão da lanchonete, onde apenas uma mulher, gorda e apressada, comia um lanche, desses que só se consegue comer em rodoviárias.

Paguei o refrigerante e quando me preparava para tomar o último gole uma voz falou atrás de mim.

-- Fez boa viagem Senhor Guilherme?

Voltei-me assustado para o homem, um senhor velho e pequeno. Vestia uma calça jeans surrada que parecia ter pertencido a uma pessoa bem maior, presa por um cinto de imitação de couro. Uma camisa de mangas curtas amarrotada e mal colocada dentro das calças, e botas muito gastas nos pés completavam sua figura.

-- É o Senhor Guilherme, não? -- perguntou, talvez assustado com o meu espanto.

-- Sim, respondi. Quem é você?

-- Fui eu quem lhe enviou a carta. -- O homem tinha um sorriso nos lábios. Mantinha o corpo um pouco inclinado para a frente e as mãos unidas na altura do peito como se estivesse pronto a fazer um referência no estilo oriental.

-- Você escreveu aquela carta? -- Perguntei sem acreditar naquele homem.

-- Não senhor, eu apenas a coloquei no correio. O mestre a escreveu e me ordenou que a enviasse ao senhor. Venha, tenho um carro para levá-lo. -- Falou, fazendo um gesto para que eu me adiantasse. Fez menção para que lhe entregasse a mala, recusei e ele começou a caminhar ao meu lado meio passo atrás.

Saímos do saguão de entrada da rodoviária e nos dirigimos ao estacionamento. Ele indicou um carro, velho e mal cuidado, um modelo fora de linha. Aproximamo-nos, ele abriu a porta do passageiro e eu entrei. O interior cheirava a mofo e cheguei a pensar que aquele carro jamais conseguiria sair do lugar, mas o velho deu a partida e, após alguns estampidos no cano de descarga, partimos. Tomamos o sentido da esquerda da rua, que me recordo, leva à saída da cidade e termina num cruzamento que, a direita, conduz a chapada.

Pouco antes do cruzamento, num posto da polícia rodoviária, havia uma blitz em andamento. Tive a certeza de que nos parariam e pelo estado do carro não nos deixariam continuar. Curiosamente, no entanto, os guardas sequer deram a impressão de ter-nos notado.

Seguimos pela estrada. O homem permanecia silencioso, com o mesmo sorriso nos lábios. Resolvi arriscar: -- Como soube que eu havia chegado. Ninguém sabia que eu chegaria hoje e muito menos de ônibus!

-- O mestre me ordenou que viesse esperá-lo, ele sabia.

-- Quem é seu mestre, eu o conheço? Porque ele me chamou aqui? -- Minha mente estava agitada com a forma como as coisas estavam acontecendo. Eu sempre me sentia mal quando não detinha o controle da situação. Um turbilhão de pensamentos me ocorriam, senti uma pontada de dor de cabeça, talvez pelo cansaço da viagem, sei lá. O velho percebendo minha agitação limitou-se a responder:

-- Seja paciente, o mestre conhece o senhor, ele lhe explicará tudo.

Procurei afastar os pensamentos de minha mente, deixar-me levar pela situação. Afinal, eu só estava aqui por causa de uma curiosidade inata que sempre me valera pontos em minha vida profissional. A mesma curiosidade que me fizera estar longe de casa no momento em que minha mulher mais precisou de mim. Absorto em conseguir notícias ignorei seu precário estado de saúde e assim deixei-a entregue às sua próprias forças. Nunca em toda minha vida senti ou voltarei a sentir uma dor maior que a sentida pela sua perda. Segundo os médicos que a atenderam, ela teria sobrevivido se tivesse recebido socorro a tempo.

A viagem transcorreu muito lentamente, aproveitei a jornada para apreciar a paisagem, de beleza sempre renovada, que aumentava a cada quilômetro que percorríamos. Comecei a recordar das informações que recebera a respeito de toda aquela região. O município de Chapada dos Guimarães já fora o maior município em área do mundo que, aos poucos, foram sendo divididas em outros municípios menores. Nunca soube da origem do seu nome. Mas gostava de imaginar que todas aquelas terras haviam pertencido a uma família de nome Guimarães que teria sido expulsa por colonos. Hoje, definida como reserva florestal, tinha sua fauna e flora protegida por lei, mas como sempre, não era o bastante para garantir a sobrevivência de nada e de ninguém.

Passamos pelos principais pontos turísticos, a Salgadeira, o Portão do inferno, com seu posto policial agora num prédio reformado, e o acesso ao caminho que, se tomado, nos levaria ao magnífico espetáculo da natureza conhecido como Véu das Noivas.

Fiquei imaginando que o homem, cujo nome sequer me dera ao trabalho de perguntar, pararia no recanto onde a tantos anos atrás eventos misteriosos tinham marcado meu destino para voltar aqui novamente. Na medida que nos aproximávamos deste ponto minha aflição foi aumentando, e emiti um longo suspiro de alívio ao perceber que ele passava direto pelo local.

Aproximadamente uma hora e meia depois de termos partido de Cuiabá, chegamos na cidade de Chapada. Parecia não ter mudado nada deste a última vez que a vira. A grande praça que indicava o centro da cidade estava nesta época do ano com suas muitas árvores repletas de folhas verdes que proporcionavam uma agradável sombra. A temperatura amena desta região contrastava muito com o calor sufocante que havíamos deixado para trás.

Seguimos por algumas ruas até que paramos diante de uma casa muito antiga, bem ao estilo da região, construída próxima ao calçamento de paralelepípedos da rua. Com paredes de tijolos, rebocados por uma grossa camada de massa pintada em azul celeste e janelas de madeira, que se abriam para fora como uma porta, pintadas de um azul mais escuro. Tudo coberto por telhas de barro.

O homem desceu rapidamente e entrou na casa. Esperei um momento dentro do carro, então desci também e espreguicei-me pois sentia forte dores nas costas e uma dormência que se espalhava por todos os membros. Poucos depois o homem voltou e parado à porta indagou:

-- Deseja tomar água? Café talvez? -- Tinha a mesma postura com que me abordara na rodoviária.

-- Água, por favor. -- Avancei em sua direção imaginando que o convite estendia-se a uma permissão para entrar. Ele estendeu o braço num gesto e falou:

-- Espere um instante, vou buscar.

Voltou logo depois, com uma jarra plástica toda suada em uma das mãos, indicando que o conteúdo estava frio, e na outra um copo de alumínio. Saiu para a rua, ofereceu-me o copo, que apanhei, e começou a enchê-lo rapidamente. Sorvi a água sofregamente, percebi que ainda estava com sede e pedi mais. Nisto um homem forte, um pouco gordo talvez, parecendo acostumado a carregar pesos surgiu por detrás do velho. Tinha no rosto uma expressão dura, de quem não está acostumado a tratar ninguém com educação mas que sempre recebeu o mesmo tratamento. Olhou-me nos olhos com dureza e falou ao velho que tomava o copo de minhas mãos:

-- É este o homem? Pensei que fosse mais jovem.

-- Não tome sua aparência como um defeito. -- Falou o velho. -- O mestre disse que ele é forte e está preparado.

-- Vamos indo então. Não temos todo o dia e pretendo chegar ao abrigo antes da noite cair. -- Falou e dirigiu-se ao outro lado da rua onde uma camioneta muito bem conservada estava estacionada.

-- Pegue suas coisas e ande. O velho falou enquanto entrava na casa e voltava rapidamente depois de falar com alguém que estivera todo o tempo lá dentro.

Seguiu-me apressado. O homem mais jovem, já acomodado, nos esperava com o motor do veículo ligado, abri a porta e o velho entrou, usava agora um chapéu de feltro muito velho e manchado, sentei-me no mesmo banco em que os demais e perguntei ao velho: -- Porque não foi me buscar com este carro? Não teríamos perdido tanto tempo na estrada.

-- Um carro como esse certamente seria roubado se ficasse um minuto estacionado em qualquer lugar dentro daquele inferno de cidade, e eu tinha muitas coisas para preparar e precisava dele. -- Foi o mais jovem que falou.

-- Quem são vocês? -- Perguntei-lhe. Apesar de sua cara amarrada ele parecia bem mais acessível.

-- Sou Carlos e ele se chama Timóteo, não adianta falar muito com ele, é de falar pouco.

-- Para onde estão me levando?

-- Para o abrigo do mestre. Vamos seguir até o Rio Manso; lá um barco que nos levará rio abaixo até a trilha que dá acesso ao abrigo.

-- Onde fica esse abrigo? No meio da mata?

-- É, mas você vai ficar bem instalado. O mestre tem tudo preparado para recebê-lo.

Dito isso o homem silenciou. O velho ao meu lado permanecia impassível com o mesmo sorriso estampado no rosto, que agora me parecia fruto de alguma debilidade mental.

O céu, totalmente azul e isento de nuvens, mostrava que o sol já estava alto então, consultei o relógio e este marcava meio-dia e quinze. Não havia comido nada até então, mas não sentia fome. Por quase uma hora viajamos pela estrada de terra poeirenta. Passamos pelo campo onde ficam instaladas antenas de comunicação por satélite que devem servir à comunicação e transmissão de dados para todo o estado. Mais à frente o ponto geodésico, ou seja, o centro geográfico da América Latina, de onde é possível avistar o imenso vale formado aos pés da chapada. Eu já havia estado ali uma vez. Em dias claros é possível ver à distância a cidade de Cuiabá o que contribui para dar ao visitante a exata sensação da altura em que se encontra.

Após este ponto tudo era completamente novo para mim. Ao final do trajeto, que recortou inúmeros caminhos e passou por vários desvios, chegamos a uma pequena vila de pescadores às margens do Rio Manso. Quatro barracos de madeira velha, muito humildes, que deveriam servir de abrigo a pescadores que acostumaram-se a viver longe da civilização. O rio não era muito largo, mas a cor de suas águas indicavam que deveria possuir uma profundidade razoável.

Um velho moreno e grisalho, vestindo apenas um calção, nos esperava à beira do rio. Quando nos aproximamos, cumprimentou-me com reservas mas mostrou já conhecer meus acompanhantes. Sem que ninguém dissesse nada, embarcamos no pequeno barco de pesca. O velho soltou a corda que o mantinha preso à margem e empurrou o que faltava para dentro do rio. Circundou o barco, com a água tocando-lhe a cintura, até a popa onde um motor estava instalado, e embarcou num movimento leve e natural de quem há muito se habituou a fazê-lo. Eu estava voltado para a proa, atrás de mim Carlos acendeu um cigarro e passou o maço para mim, recusei com um gesto e ele fez menção que eu o passasse a Timóteo que estava à minha frente. O velho pegou-o e agradeceu.

-- Já andou de barco antes. -- Era Carlos que falava.

-- Sim, mas nunca tinha estado aqui antes. -- Respondi.

-- Não se preocupe, eu já! E estamos com o melhor pescador da região. Ele conhece tudo deste rio. Não temos com o que nos preocupar.

Carlos continuou falando durante um longo tempo, misturava estórias de pescadores e piadas infames com suas aventuras como motorista de caminhão, profissão que seu físico revelava que realmente poderia ter exercido. Algumas delas até mesmo curiosas, mas não o suficiente para despertar meu interesse, de forma que passei a maior parte do tempo observando as margens cobertas de mata nativa, onde ocasionalmente podia-se ver pequenos barracos aparentemente inabitados que deviam servir de pouso aos pescadores que permaneciam durante muito tempo no leito do rio.

O céu, agora entrecortado por nuvens brancas, era freqüentemente salpicado por revoadas de pássaros coloridos que, em algazarra, voavam de uma margem a outra. Timóteo, em certo momento, apontou-nos um grupo de papagaios selvagens, que me comoveram não só pela sua beleza, mas principalmente por descobrir que ainda existiam pássaros como esses que não viviam em cativeiro.

O rio era agora bem mais largo do que a princípio. Calculei que deveríamos ter começado a navegar lá pela uma e meia da tarde, assim sendo estávamos a pelo menos três horas no barco quando finalmente começamos a nos aproximar de sua margem esquerda.

Habilmente o velho pescador conduziu-nos por entre os galhos de árvore que pendiam das margens até tocar a água, escondendo assim um tosco píer de madeira onde atracamos. Descemos todos, Timóteo tomou a frente e começou a seguir por uma trilha que desaparecia dentro da mata. Pouco depois percebi Carlos aproximando-se por trás. Paramos e Timóteo voltou o rosto para ele.

-- Tudo bem, podemos ir. O pescador já partiu. -- Carlos falou.

-- Como? Ele foi embora? Como nós vamos sair daqui? -- Exclamei aturdido. -- Quer me dizer que vamos ficar no meio deste matagal todo até ser devorado por uma onça ou ser picado por uma cobra? Sabe lá Deus se vocês sabem mesmo para onde estão me levando?

Carlos olhou-me com uma expressão irada, e tive a impressão de que toda a calma e descontração que ele demonstrara no barco não passava de um disfarce para ocultar sua revolta por estar ali, servindo de guia para um jornalistazinho da cidade que ele nunca vira em sua vida. Timóteo interveio:

-- Tenha paciência, o mestre esclarecerá tudo para o senhor. Falta pouco agora. Não podemos demorar muito, em breve vai escurecer.

A contragosto continuei, pensei que seria preciso uma boa desculpa para me justificar toda aquela palhaçada. Carlos por sua vez, manteve-se calado durante todo o trajeto, mas tinha a sensação de que se eu falasse alguma coisa ele pularia em cima de mim e me calaria a boca com socos.

Eu não podia acreditar no que estava fazendo. Perdido no meio da mata com dois desconhecidos sem nenhuma referência para sair dali. Não reconhecia em mim os sinais de racionalidade que sempre haviam marcado minha personalidade. No entanto, diante de todo o inusitado da situação eu não me sentia com medo.

Mais à frente, onde a mata já era bastante fechada Timóteo, sem parar falou, dirigindo-se a mim:

-- O senhor não se assuste com o que verá a seguir, foi colocado apenas para espantar pessoas que acidentalmente possam chegar até aqui.

Dito isso, num pequeno aclive via-se tombado inerte um esqueleto humano, com parte do crânio despedaçado e algumas costelas partidas. A visão causou-me repulsa. Alguém desavisado certamente pensaria duas vezes antes de ultrapassar aquele ponto. Mais à frente outros cadáveres podiam ser vistos.

Quando os raios de sol começaram a rarear entre a copa da árvores alcançamos uma encruzilhada no caminho. Tomamos o sentido da esquerda e logo depois nos defrontamos com uma parede de pedra, que devido à vegetação eu não podia distinguir o tamanho. Indaguei a Timóteo se aquilo fazia parte da chapada e ele fez que sim com um sinal de cabeça. Caminhamos paralelos à parede de pedra por mais alguns metros e diante de nós surgiu uma enorme abertura que bem poderia ser uma gruta.

Entramos, e quando a escuridão nos envolveu totalmente, Timóteo acendeu um fósforo e apanhou um archote num canto da gruta. Com a luz bruxuleante, subitamente inundando todo o nosso espaço, foi possível divisar as paredes e perceber que estávamos numa grande sala de pedras. No ponto onde o velho coletara o archote havia mais alguns provavelmente deixados para outros visitantes do local. Carlos também apanhou um e acendeu-o na chama que já nos iluminava.

Prosseguimos penetrando na escuridão enquanto o medo e a ansiedade se apossavam de mim. Num ponto indeterminado, à frente, divisei uma luz clara e brilhante que foi se ampliando na medida em que avançávamos pelo terreno limpo que parecia ter sido esculpido por mãos humanas, tão livre de irregularidades era.

Quando finalmente alcançamos a fonte de luz que marcava o fim de nossa jornada, não pude evitar a exclamação de deslumbramento e êxtase que minha boca, aberta de admiração, lançou.

Diante de mim, gigantescas edificações, totalmente fora de qualquer padrão que eu pudesse classificar, emergiam das profundezas daquela enorme caverna como se fossem gigantescos arranha-céus construídos por algum arquiteto alucinado. Olhando para cima, podia-se ver um brilho claro e constante, como um céu densamente iluminado, a banhar de luz tudo que os olhos podiam ver.

Senti a mão de Carlos em meu ombro e sua voz forte falando próximo de meu ouvido:

--É maravilhoso não é? -- Fez uma pausa e concluiu. -- Vamos até lá.

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