Delírio de Paixão

A solidão cresce.
Cresce e me magoa.
Quanto mais tento fugir maior ela se torna.
Penso em alguém...
não sei quem...
As pessoas circulam ao meu redor continuamente,
progressivamente aumentam,
e eu só...

Alguém me segue!
Uma face suada,
afogada,
consumida pelo ardor,
vou beijar,
quero beijar.
- Posso?
- Não!
- Porquê?
- Não há ninguém!
- Mas há!
- Não, não há!

Pode isso? Deliro.
O semblante formado em minha mente é lindo,
- Claro!
e sorri...

- Quem me segue?

As pessoas não param,
não sei para onde vão,
nunca vejo seus rostos.
- Porquê?
Sou louco!
Agora percebi.
Preciso encontrar alguém que também se sinta só.
- Só?
- Só!
- Não!
- Que mais então?
- Sei não... Talvez?!...
Ora, prá que saber, quando encontrar pergunto.
Se encontrar.

Se esconde, mas sei que esta atrás de mim.
- O que quer?
- Nada tenho além do desejo de morrer.
Vou me sentar e esperar que se aproxime.
Essa gente começa a me olhar com cara estranha.
Nunca viram alguém sentado no chão?
- Não!
- Decididamente não!
Sou doido em sentar em meio a tanta gente trafegando.

Volto a imaginar. (Só pode ser imaginação!)
Um belo rosto,
de mulher,
sorri de novo
e chora...

Estende os braços e corre para mim.
- É delírio!
- É real!
- Não é imaginação!
- É a pessoa que me segue!

Mulher,
bonita,
sorri chorando para mim.
Olhos nos olhos.
Vejo nos dela os meus.
- Delírio?
- Não!
Seu rosto suado de ardor quero beijar,
vou beijar,
beijo,
e amo.
- Ali no chão?
- Porque não!