Utopia

Meus olhos percorrem a sala vazia até a janela,
e se fixam num ponto indistinto do céu,
onde os últimos raios do sol ainda resistem contra o fim do dia.
É bom recordar.
Na memória restam apenas momentos alegres.
Os sonhos jamais são apagados,
e se fortes e grandes resistem à morte...

Da mente do arquiteto nasciam edifícios de concreto,
altos, brancos, num contraste com o céu azul.
Ruas e avenidas, largas e lisas,
cercadas pelo trabalho de um ecologista.
Prédios baixos, amplos,
cheios da vida e sabedoria de seus ocupantes.
Um mundo de luz e silêncio,
repleto de vozes que não viam a escuridão.
Mentes e corpos fervilhando
com a arte de criar e aprender,
de enfrentar e transpor os limites do conhecimento.
O saber livre e democrático,
como início e fim de uma eterna evolução.

Quando o último brilho de sol desaparece, a visão se desfaz.
Volto os olhos para a sala, agora cheia de gente, e uma voz
me chega aos ouvidos,
metódica...
Desperto finalmente do sonho,
a aula começou.

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